Nascido e criado no Bairro da Graça, nas barbas e sob a machadinha de São Judas Tadeu, estudei no turno da manhã em um colégio próximo. Quando voltava da escola, passava sempre em frente ao “Seu Fortes”, sapateiro de mão cheia, com seu radinho sempre um volume acima do recomendável, sintonizado na Itatiaia ou na Inconfidência na hora do almoço, para ouvir o futebol. Americano como eu, trocávamos frequentemente as lamúrias de americanos vivendo os anos 80 e 90 do Coelhão. Um dia, após um dos vários assaltos que sofremos da cachorrada, passei por ele e seu radinho tocava um samba, que ele acompanhava com o martelo consertando a sola do sapato de algum vizinho. Melhor que a indignação é a indignação compartilhada. Portanto, parei na oficina do Seu Fortes pra compartilharmos a revolta, quando perguntei o que a rádio dizia sobre o assalto. Veio a resposta seca: “Se eu quisesse ficar revoltado com a roubalheira, ouvia a Glória Lopes, no Rádio-Polícia. Só vão falar que o Atlético é um timaço e o ‘Ameriquinha’ teve lances polêmicos. Vou ouvir não!”.
Assalto
Se “Seu Fortes’ estivesse entre nós, hoje seu rádio de pilha tocaria um samba, pois nesse quesito, tudo continua igual. Salum, nosso atual cacique, definiu: “Este é o velho futebol mineiro ” e acrescento, Futebol Mineiro Raiz no pior sentido possível. Essa coluna poderia aqui ficar falando de quantas vezes fomos roubados no Campeonato Mineiro, em favor do lado canino (sem ofensa a esses verdadeiros amigos que são os cães) e do lado fresco da lagoa. Serjão poderia fornecer as estatísticas e o Marinho prover o contexto psicológico, histórico e social dessa palhaçada toda. O verdadeiro fato inconteste é que ontem jogamos contra um time apoiado pela imprensa e pela FMF, na figura de seu presidente que frequenta os bailes de carnaval vestido de Frango com camisa de presidiário e é conselheiro votante de um dos times que disputa o campeonato por ele organizado. Sempre apoiado e em necessidade de apoio, esse time, após duas semanas de “nãos” e dois meses de falta de futebol em campo, precisavam urgentemente de fatos novos que justificassem um ano de péssimo planejamento. Para isso, valeu a fofoca, o “disse-me-disse” e, por fim, o que fosse necessário em campo e fora dele. Falar mais do que isso seria arriscar um processo por injúria. Mas cada americano sabe bem do que falo.
Esse é o velho futebol mineiro. Mas não vamos nos acovardar.
Isso só vai nos fortalecer!
Esse é o velho futebol mineiro. Mas não vamos nos acovardar.
Isso só vai nos fortalecer!
— Marcus Salum (@marcus_salum) 18 de fevereiro de 2018
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Anatomia do desastre
Talvez eu não fosse o melhor dos colunistas do Decadentes para escrever sobre o jogo, por dois motivos. O primeiro deles, é que confesso não ter entendido muito bem as opções do Enderson ontem. Então ainda não sei dizer se foram boas ou ruins, uma vez que foram feitas em uma situação de jogo estranha. O segundo motivo é que fui embora aos 20 do segundo tempo, tomado por uma revolta absurda e uma indignação tão plena por testemunhar a ressurreição das velhas roubalheiras. Portanto , o resto do segundo tempo ouvi pela rádio e vi pelos vídeos. Sinceramente? Não faz a mínima diferença ter visto ou não. Após o gol mal anulado do Marquinhos, todo o resto é só a consequência do desastre. Já havia visto a morte do jogo, o resto foi só o velório do morto.
O jogo
Ouvindo as entrevistas pós-jogo, duas coisas me chamaram atenção. Enderson disse que não esperava o Atlético com postura defensiva, jogando por uma bola. Thiago Largue, treinador do time de Vespasiano, informou que entrou assim mesmo, respeitando o América e treinando forte, pois para eles este jogo era uma final. Analisando as duas afirmações é possível entender o primeiro tempo. O América não conseguiu propor o jogo, fato corriqueiro desde o ano passado. O Atlético não teve esse interesse, sempre em busca de uma bola parada ou de um contra-ataque salvador. O gol mal validado das penosas ao fim do primeiro tempo desestabilizou o time e a torcida. Aproveito aqui pra dizer que o Glauco a rigor não fez uma partida ruim. Falta a ele a tranquilidade e a saída de bola do João Ricardo, que faz falta sim, também pela sua experiência.
No segundo tempo, voltamos sem Serginho e Luan. Serginho entendo que saiu por opção tática e o Luan por opção óbvia. Além de não ter jogado absolutamente nada no primeiro tempo, bateu duas faltas bisonhas. Perceba que essa mudança provavelmente só ocorreu pelo fato de estarmos perdendo injustamente e precisarmos do ataque. Em um empate a zero, provavelmente o meio não seria alterado. Aos 4 minutos, Rafael Lima toma um cartão amarelo por reclamar sobre o gol mal anulado. O desastre aumenta quando a Geni do América entra. Renan Oliveira entra no lugar de Aylon, tendo como único fato relevante no jogo um cartão amarelo por falta em um VOLANTE no meio de campo, em jogada sem maior risco. Como desgraça pouca é bobagem, um dos jogadores mais estáveis do último ano, Norberto, marca contra. É por essas e outras que afirmo: após o gol de Marquinhos, todo o resto é velório do morto. Por último, o argentino que desprezamos e que a imprensa galista já considera novo Maradona, participa bem do jogo e bota o pastor deles na segunda trave pra marcar.
Mas e aí?
Se tivesse que distribuir as culpas sobre o jogo de ontem, diria que 70% dele se deveu a arbitragem, não só ao bandeirinha mas também ao juiz, a quem faltou peito para discutir o caso e que inverteu uma dezena de faltas a favor do lado podre da lagoa. Os outros 30 % são distribuídos entre Enderson, que não entendeu o jogo sobretudo no primeiro tempo, e falhas individuais. Destaques positivos aos de sempre, Messias e Zé Ricardo, jogando muito. Rafael Moura perdido em meio a uma retranca fortíssima, pouquíssimo efetivo. Luan ganhou o troféu Cabeça de Bacalhau da partida, inexistente. E méritos ao outro time? Só o de jogar um jogo com a faca nos dentes, jogo que talvez jogamos com um scarpin nos pés.
Que todos tenham a consciência de que se é pra perder clássicos, que seja agora. Nas fases finais, precisamos modificar muita coisa pois pelo menos um clássico em dois jogos nos espera. Talvez dois, como é costume.
Agora a Tombense precisa pagar o pato na sexta.
Jairo Viana
twitter.com/jairovianajr
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Sou o Seu Fortes de hoje. Mas, ouvindo um rock!
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Erros de arbitragem a parte, o que me deixa triste e frustrado é jogar 180 minutos contra Atlético e Cruzeiro e não conseguir criar 1 chance de gol clara. E constatar que ainda estamos a anos luz deles.
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Jairo, tentei ser o Seu Fortes mas ouvi a itatiaia na esperança de uma crítica a arbitragem.
Me decepcionei de novo com a mídia mineira… Deram várias justificativas para os erros: fica muito distante do gol, tem que percorrer toda a lateral, nem o árbitro de vídeo conseguiria acertar, a bola não picou no chão…
Cara fiquei com vergonha por eles das bobagens que tinham que falar para evitar afirmar que o bandeirinha influenciou no resultado!
Ainda não deu pra dar risada das bobagens que falaram porque ainda não esvaziei a raiva mas daqui a alguns dias vou conseguir me divertir com tanta asneira!
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Pessoal, há cerca de quinze anos atrás o finado Carlos Alberto Silva resolveu desaposentar e voltou a atuar como técnico, no América. Coitado! Campeonato Mineiro, América e Atlético no Mineirão, jogo duro, segundo tempo…
E aí? Penalti para o Atlético! Onde? Dois metros fora da área! Dois metros mesmo, não é força de expressão!
Quem marcou? O bandeirinha! Quem era o bandeirinha? Pasmem! O mesmo de anteontem, no início da carreira! Dá pra acreditar?
Naquela tarde o Carlos Alberto Silva invadiu o campo, foi expulso.
Quem bateu o pênalti? Tucho, que já estava no Atlético, e nosso goleiro defendeu, com os pés!
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OI HENRIQUE CONVIDA O SARAIVA OU O FLAVIO BRAGA AZEVEDO QUE ACOMPANHA O FUTEBOL FEMININO E O FLAVIO TEM UM BLOG QUE FALA DELAS.
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HENRIQUE TEMOS QUE COBRAR DO PAULO BRAKS DIRETOR E DO DANIEL HOOT JORNALISTA RESPONSAVEL, QUE TEM CONTATO DIRETO COM A BARBARA ASSESSORA DA DIRETORIA QUE FAZ A GESTAO DIRETA COM A COMISSAO TECNICA.
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NO FACE BOOK DEI SUGESTOES DE QUEM ACOMPANHA O FEMININO: MARCO ANTONIO D.AV, SARAIVA, FLAVIO BRAGA AZEVEDO COM SEU BLOG, BARBARA ,. SE EU MORRACE EM BH ACEITARIA A CORRER ATRAS DESSAS INFORMAÇOES E DIVULGAR E MESMO AQUI NO INTERIOR CONSIGO COM QUEM FREQUENTA OS JOGOS DELAS HOJE NAO ENCONTREI NINGUEM. COM AJUSTES NA COMUNICAÇAO PODEMOS AJUDARMOS MUITO ELAS.
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