Intervalo pra quê?

Em minha carreira como professor universitário em faculdades particulares, participei no último mês da minha primeira greve, que ocorreu por uma variedade de fatores, quase nenhum tendo a ver com dinheiro e quase todos a ver com qualidade de ensino. Uma das propostas dos patrões era acabar com o “recreio”, aquele intervalo de 20 minutos que separam as duas primeiras aulas das duas últimas. Os alunos e professores se revoltaram com a possibilidade de 3 horas e meia de aulas ininterruptas, o que permitiu que essa proposta fosse derrubada.

Por que estou contando isso? Porque acho que deveríamos propor que os jogos do América não deveriam ter intervalo entre os dois tempos! O América tem voltado para o segundo tempo sempre mais lento, mais desatento, mais perdido. Contra o Vasco e o Ceará isso ficou mais claro, mas de forma geral, nossos segundos tempos tem sido piores que os primeiros. Uma das razões consigo ver claramente: preparo físico. Temos o time com maior média de idade da Série A. Além disso, o esquema do Enderson privilegia a movimentação, sobretudo dos volantes e laterais. Ganhando ou perdendo, o ritmo do time cai bastante sobretudo após os 20 minutos do segundo tempo, quando Enderson tipicamente começa as substituições.

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Foto: Mourão Panda(@photompanda) / América MG

Ceará

No jogo contra o Ceará, as substituições que vieram do banco não contribuíram para que o ritmo se mantivesse. Concordo que estávamos ganhando e portanto um ritmo intenso era desnecessário, a princípio. Esse tempo em que apenas o ataque precisava ser intenso acabou. No futebol moderno, que gostemos ou não veio para ficar, o time inteiro precisa se movimentar com intensidade. Um bom exemplo foi a seleção da Itália de 2006, que ganhou uma Copa do Mundo jogando um futebol regular, mas constante e intenso.

E o juiz? Confesso que perder roubado pro Ceará me deixou mais nervoso que o habitual. No nordeste, o Ceará é chamado de “o Corinthians do Sertão” não por seu futebol, claro. Acredito mais na hipótese de um juiz ruim do que um juiz mal intencionado. Os erros foram infantis, tão infantis que o bandeira ainda tentou evitar que um acontecesse, o do primeiro gol. A CBF assumiu seu erro aqui. Não muda nada para nós, que continuamos sem os dois pontos.  Ao trazer para a série A um árbitro que consegue fazer lambança no campeonato goiano, errou a CBF e nos prejudicou.

Enderson Moreira

Como já disse outras vezes no nosso programa e aqui neste espaço, não sou a favor da demissão do técnico. Em particular, o modelo da NFL e da NBA me agrada muito mais que o jeito brasileiro de lidar com o grupo e com a comissão técnica. A NFL, liga de futebol americano dos EUA,  vale atualmente 12 bilhões de dólares anuais, ou seja, valem 6 campeonatos espanhóis ou 20 campeonatos brasileiros da série A.  No modelo da NFL, os jogadores e comissão técnica são alterados entre as temporadas. Se um técnico ou jogador não funcionou em uma temporada, parte da culpa é dada a quem também é de direito: quem os contratou. O fenômeno brasileiro de demitir técnico é na verdade uma forma velada de transferir a culpa de quem contrata para quem é contratado.

Dito isso, não quero dizer que Enderson seja intocável ou que esteja imune a críticas. Como quase todos que aqui passaram, inclusive o Mestre Giva, tem suas preferências bizarras e suas picuinhas gratuitas. Acredito que o trabalho dele é muito bom e provavelmente acima do que 95% dos técnicos que podemos pagar poderiam fazer. Além disso, as opções que se apresentam no mercado são bem piores que ele. O erro de 2016, da demissão do Givanildo a tudo que veio depois, ainda me assombra. Prefiro errar mantendo a coerência do que errar seguindo algum tipo de linchamento.

Divulgação/Acervo Pessoal Fernando Sabino

Com o disse o maior americano escritor, Fernando Sabino: “O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove.”

Grande abraço a todos e nos encontramos no Indepa!

Jairo Viana
twitter.com/jairovianajr

P.S. : Já ia me esquecendo de dar as boas-vindas ao grande Miguel Santiago, que agora nos faz companhia aqui no Decadentes. Me sinto um menino da Copa Itatiaia jogando uma partida com Pelé. Seja bem-vindo, Mestre! Este espaço já era seu muito antes que você o soubesse. Todos que escrevemos sobre o “ludopédio” do Coelhão temos a ti como inspiração.

Créditos da Foto de Capa: Mourão Panda (@photompanda) / América MG


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