Pode-se criticar o bonde do Tigrão ?

Jogadores durante duelo entre América e São Bento – Foto: Mourão Panda / América

Foi bonita a nossa festa, pá… Mas diferentemente da música de Chico Buarque não deu para ficarmos contentes com o desfecho de toda a bela algazarra que nossa torcida fez antes do jogo mais importante que tivemos no ano.  
 
Poderia ter sido o desfecho perfeito para uma campanha de reação impressionante que nos tirou da lanterna que amargamos por várias rodadas e nos colocou a um simples empate contra o rebaixado São Bento em casa do tão sonhado acesso… Mas não deu. Murcharam nossa festa ainda no primeiro tempo e até hoje me pesa a tristeza desse placar. 

Ainda na revolução dos cravos, Chico mantem a esperança de haver uma semente em algum canto de jardim… Mas será que desta incrível reação que o time teve sob a tutela do Tigrão deixou sementes para a próxima temporada?  

Felipe Conceição durante entrevista coletiva no duelo entre América x São Bento-SP – Foto: Mourão Panda / América

O trabalho do Felipe Conceição pode ser dividido em 3 etapas, um estágio inicial de três partidas em que o time estava se ajustando defensivamente, a impressionante arrancada com uma sequência positiva em 18 jogos em que tivemos 12 jogos de invencibilidade e a última sequência de 8 jogos já como postulantes ao acesso. 

A primeira parte foi titubeante, o time ainda se ajustando e ganhando confiança, obtivemos 2 empates e uma derrota. Depois desse momento estávamos no fundo do posso e daí ele mostrou uma capacidade de motivação impressionante e partiu para uma arrancada em que em 18 jogos tivemos um aproveitamento de 74%. 

Tamanha reação nos colocou como candidatos ao acesso, naquele momento as chances de acesso se mostravam já reais, entretanto quando a chave da pressão virou de franco atiradores para nos salvar da série C para postulantes a jogar a série A o aproveitamento caiu. Tivemos 58% de aproveitamento nesses últimos jogos, e conseguimos apenas uma vitória nos últimos 4 jogos em casa, o que não desmerece o trabalho de reação, mas e sim passível de críticas. 

Jogadores durante treino no CT Lanna Drumond – Foto: Mourão Panda / América

Se julgarmos apenas o aproveitamento dessa campanha, Tigrão teve 64.36% no total, o que é bastante significativo, mas podemos fazer uns parênteses. Embora sejamos muito gratos ao Givanildo, penso que ninguém cogita mais o seu retorno, muito por se concordar que o auge dele já passou. Entretanto em 2016, pelo Náutico, e em 2014 conosco ele teve aproveitamentos de 64.44% e 75.5% de aproveitamento, também não conseguindo o acesso na última rodada em ambas as ocasiões. 

Essas arrancadas salomônicas no Brasil acontecem com certa frequência, ano passado o Lisca arrancou para salvar o Ceara, o Felipão gozou de invencibilidade no Palmeiras, o Andrade já arrancou com o Flamengo para o título, e se formos buscar podemos chegar a diversos casos de reações memoráveis. Entretanto quando o trabalho não é solido, já na temporada seguinte o desempenho cai drasticamente. 

Nessa questão, tenho algumas ressalvas quanto ao trabalho do Felipe Tigrão em uma análise Macro. Ele foi muito bem como motivador no início do trabalho, mas até mesmo nesse quesito ele deixou a desejar nos últimos jogos, afinal, com ou sem mala não é aceitável que o São Bento tenha jogado com mais vontade e motivação que nós no jogo do ano. 

No aspecto tático o time deixou bastante a desejar, defensivamente fomos muito fortes, entretanto ofensivamente fomos nos tornando muito previsíveis, uma vez que o time não tinha variações táticas ou jogadas ofensivas bem elaboradas, e isto nos custou muito nas últimas 4 partidas em casa. 

Felipe Azevedo durante duelo entre América x São Bento-SP – Foto: Mourão Panda / América

No aspecto de administração de grupo também há aspectos a se pontuar, Tigrão rodou muito pouco o elenco, insistiu em jogadores que não estavam dando retorno técnico algum em campo, em especial o Azevedo e o Viçosa (que não marcou nenhum gol nas últimas 11 rodadas), e alguns jogadores que tiveram boa produção quando acionados praticamente não foram aproveitados. 

Por isto discordo do Felipe que na sua última entrevista disse que esta campanha não pode ser criticada, não só se pode como se deve. O trabalho dele teve muitos aspectos positivos, ele merece sim uma chance de começar um trabalho na próxima temporada, entretanto cabe ressaltar que há sim vários aspectos em que ele necessita melhorar e nos cabe torcer para que ele evolua, ajuste as falhas que teve e monte um elenco que nos leve a série A no próximo ano. 

2 comentários sobre “Pode-se criticar o bonde do Tigrão ?

  1. Ótima análise. Que o Tigrão salvou e deu uma cara nova para o América é indiscutível. Porém, acho que alguém pecou na hora de estabilizar o emocional do time na hora de decisões. No jogo contra a Ponte, Paraná e São Bento o América não era aquele time da grande “arrancada”. Parece que toda vez que o G4 se aproximava o time, odeio usar essa expressão, tremia. Alguém já comentou isso também em outro lugar.
    Outro ponto questionável é a insistência, que todo técnico parece ter, em alguns jogadores. Azevedo e Viçosa não estavam rendendo mais. O garoto Pedro, centroavante da base, foi pouquíssimo relacionado. Acho que alguns jogadores se acomodaram por não terem uma sombra. O Viçosa só jogou quando voltou. O Azevedo só jogava quando tinha a sombra do berola.

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