Vermelho 27 ou Preto 17?

A sexta-feira passada, logo após a publicação da última coluna,  trouxe excelentes notícias. A primeira delas foi a transferência do abundante zagueiro Diego Jussani pro Vila Nova de Goiás. O que particularmente não entendi, pois a arroba de boi gordo está mais valorizada em Belo Horizonte do que em Goiás, conforme o site do Canal Rural.

A transferência do nosso ex-capitão me parece um golpe de mestre, uma vez que o único fiador de sua presença no time, inclusive como capitão, era Givanildo. Mesmo que uma catraca do Independência fosse contratada como novo técnico do Coelhão,  certamente  perderia a titularidade. E obviamente, deixaria de ser capitão. Se fosse pro banco, o máximo que poderia ser era gerente.

Torço para que o jogador encontre sua forma e seu futebol no Vila. Em campos mineiros, mostrou apenas preguiça, desânimo e falta de técnica, a ponto de ser xingado constantemente pelos colegas.

Interesse Sino-Búlgaro

A segunda boa notícia é o interesse chinês em investir 200 milhões de reais no time do América. Logo em seguida, apareceu também uma carta de intenções do consulado da Bulgária, com o mesmo objetivo mas sem valores.

Como no tango de Herivelto Martins( Aqui ), imortalizado por Nelson Gonçalves, estamos entre o Vermelho 27 (a sorte na roleta) e o Preto 17 (a perda de tudo que se conquistou). Entendo que uma parceria adiantaria um sucesso que se fizéssemos tudo certo, chegaria em uns 10 anos. Mas se não for bem feita, podemos regredir.

No final do último programa, falamos um pouco sobre isso. O América está em uma posição privilegiada para atrair investidores, que tem fugido da Europa devido a mudanças fiscais e regulatórias. Somos um time com dívida relativamente baixa, patrimônio farto, um estádio moderno, política interna pacificada, categoria de base funcional e produtiva e baixíssima rejeição em termos de marketing.

Considero que a parceria, seja ela qual for, deve começar com uma auditoria de ambos os lados de forma que todos saibam claramente onde estão se metendo. Essa providência já está sendo tomada. Além disso, precisamos ter salvaguardas que nos protejam caso o parceiro pule fora do barco, para evitar um caso semelhante a Parmalat no Palmeiras. Além disso, sou contra a cessão completa de direitos dos jogadores da base, pois entendo que a manutenção de uma parte dos percentuais é essencial no caso de uma super valorização.

Parafraseando o amigo Maurício Kfoury, da Turma do Fundão, uma parceria como essa profissionaliza todos os setores do clube, traz torcida, mídia e oportunidades. A ideia é produzir um ciclo virtuoso.

Treino do América MG

Créditos : Mourão Panda (@photompanda) / América MG

Novo técnico

Gostei da contratação de Maurício Barbieri, que tem um perfil interessante. Para me deixar mais satisfeito, sua primeira escalação para o jogo de amanhã é muito semelhante a que propus no último programa. Veremos se a mudança de técnico produz resultados, mas é preciso tempo e paciência.

 

Créditos da Imagem de Capa: Mourão Panda (@photompanda) / América MG

Momento desabafo!

Era início de 2016. América prestes a enfrentar uma Série A duríssima, com um time que, sabíamos, era bastante limitado. Mas, nós, americanos, sempre acreditamos. E foi essa paixão que fez com que 3 caras mais do que atarefados criassem um programa sobre o América na internet. Uma ideia tão sem sentido que acabou fazendo muito sentido pra nós.

Walisson Fernandes, Henrique Pinheiro e Cláudio Sálvio levaram ao ar o primeiro episódio do Decadentes no dia 1º de abril de 2016. Pode parecer mentira, mas não é. Foi uma data escolhida a dedo para lançar o programa, com o objetivo de ser algo irreverente sobre o América, dando o tempo que julgamos que o América merece (já tivemos programas de mais de duas horas… uma loucura)!

O tempo foi passando e, sem perceber, o Decadentes já está no ar há mais de 3 anos. Dentre idas e vindas, “contratações” e “demissões”, já presenciamos e vivemos juntos um título mineiro, dois rebaixamentos, dois acessos (um com o título da Série B e o outro já contando o deste ano, é claro!), as batalhas do time feminino, a chegada do América Locomotiva e outras tantas aventuras neste planeta América.

O programa melhorou neste período? Não sei. O público aumentou? Muito pouco. Mas, é inegável que, dentro do “mundinho americano”, o Decadentes faz um baita barulho. Como gostamos de falar, somos o melhor e o pior programa sobre o América, afinal somos os únicos a produzir este tipo de conteúdo sobre o clube na internet.

A hora do próximo passo

Já há muito tempo temos, internamente, conversas e mais conversas sobre possibilidades de evolução do Decadentes. Nestas conversas, um assunto sempre apareceu: a mudança do nome. Esta questão ganhou ainda mais força quando começamos a pensar em colocar uma faixa nossa no Independência. Algo que nos fazia brilhar os olhos: ter uma faixa nossa no estádio do nosso clube! O único com um estádio para chamar de seu em Belo Horizonte. Mas, ter uma faixa no estádio com o nome “Decadentes”? Seria esta uma boa ideia?

Foi neste momento, no início deste ano, que decidimos por mudar o nome e, com isso, conseguir voar mais alto. Com um novo nome, que enaltecesse o América e os americanos, poderíamos alcançar mais pessoas. A faixa no estádio passou a ser uma realidade ainda mais próxima. A nossa primeira consulta ao América (ainda extra-oficial) foi fantástica! “É claro que podem. Não tem nem que mandar para nossa validação.”, disseram. Pronto! Estava aí a motivação que precisávamos para tocar o projeto de mudança de nome e de marca.

Foram meses de trabalho acelerado. Intercalando com nossas já atarefadas vidas, fomos desenvolvendo nome e marca. Inúmeras ajudas importantes: do nosso público (inclusive sugerindo o novo nome escolhido), da melhor e mais linda designer deste mundo (minha esposa) e de amigos. Desenvolvemos layouts e projetos para tudo: a faixa, bonés, cerveja própria, brindes, etc. Tudo no jeito para começar a Série B “de roupa nova”.

O balde de água fria

Foi então, no dia 04 de abril, em um ato de preciosismo nosso (já que tínhamos recebido o retorno informal de que nem precisaria de aprovação) que resolvi enviar o layout da faixa com a nova marca para validação no América. Gosto das coisas preto no verde (porque preto no branco é coisa da turma de Vespasiano). Preferi ter uma validação formal para evitar surpresas em cima da hora.

A primeira resposta indicava que tirássemos da faixa o endereço do novo site. Ok. Apesar de alguns precedentes de endereços eletrônicos em divulgação nas arquibancadas do Independência, mas ok. Tiramos o site. Foi então que, após alguns dias de negociação, tivemos uma resposta definitiva: a nossa faixa não foi autorizada por termos um “viés comercial”. E que a faixa só seria autorizada se nos tornássemos uma torcida organizada, inclusive passando a receber cortesias para os jogos. Ah, já ia me esquecendo: disseram que esta é uma determinação da Arena Independência.

Quero, também, registrar que todas as nossas mensagens foram respondidas com clareza, educação e boa vontade por parte do profissional do clube. Sabemos, também, que as decisões não couberam a ele, que segue sendo alguém que admiro.

Vamos aos pontos:

  • “Viés comercial”

Eu, que estou de dentro, passei horas tentando entender esse lado do viés comercial. Desde o nosso início, temos gastos com domínio do site, servidor, equipamentos para algumas gravações e coisas do tipo. Tudo isso bancado, durante um período, pelo Henrique Pinheiro. Depois de um tempo, tivemos a ideia de fazer o que alguns outros produtores de conteúdo fazem: “passar a sacolinha”. Criamos uma vaquinha virtual. Isso até funcionou bem e deu pra pagar estas contas. Depois de um tempo, criamos uma camisa do Decadentes e a vendemos por R$ 65,00. O objetivo maior era de levar a nossa marca para os arredores do Independência e, com isso, fazer propaganda do programa. Estas, senhoras e senhores, são as “enormes” ações de “viés comercial” praticadas pelo Decadentes em 3 anos. Se colocar tudo na balança direitinho, já saiu mais dinheiro dos nossos rasos bolsos neste período do que entrou (para a caixinha do Decadentes, porque o que entra não entra para o bolso de nenhum participante). Enquanto isso, Máfia Azul e Galoucura, por exemplo, ganham, estes sim, rios de dinheiro com vendas de camisas e outros produtos e estão com as faixas lá, inclusive no Independência.

  • Virar torcida organizada

Este não é um objetivo nosso. Poderíamos até virar uma “torcida de fachada” para colocar a faixa lá e, de quebra, ainda “ganhar cortesias para os jogos”. Não é a nossa onda. Não mesmo. Somos torcedores que produzem conteúdo para o clube. E assim queremos continuar sendo, até para continuar tendo a nossa independência nas nossas análises. Não queremos ter nenhum tipo de “viés comercial” com o clube. Só queríamos poder expor a nossa marca no estádio do nosso clube. Ah, este é o próximo ponto.

  • O “nosso” estádio

Quando tivemos nossa conversa informal, a resposta de que “é claro que podem” soou como música. Afinal, se o dono do estádio está autorizando, quem poderá nos deter? Engano nosso. Ao longo do processo, percebi que o estádio é nosso, mas não apitamos quase nada dentro dele. Se a torcida do time de Vespasiano quiser colocar uma faixa lá dizendo “O Horto é nosso”, acho bem provável que consigam. Mas, nós, os donos do estádio, não fomos autorizados a colocar uma faixa que dizia que somos decacampeões!

Bateu o desânimo

Depois de 3 anos produzindo conteúdo, esse balde de água fria trouxe o desânimo, pelo menos para mim. Ver o tempo já dedicado a isso e perceber a falta de um apoio mínimo me fez e faz refletir se vale a pena continuar neste ritmo. Quero muito que meus companheiros de batalha (Jairo, Marcão e Thales) sigam na luta e, se precisarem, contem comigo. Não penso em sair do Decadentes mas, hoje, não me vejo com a motivação necessária para ser “linha de frente”. O Decadentes é algo que me orgulho muito por ter criado, mas neste momento o desânimo supera minha vontade de seguir tão atuante.

Carta ao Jogador do América

Companheiro em armas,

Escrevo a você às vésperas de nosso jogo contra o Fluminense. Sou um torcedor do América Futebol Clube, time portador da cor Esmeralda-Esperança e vivo a vida desse clube.

Queria dizer em primeiro lugar, que independente do que aconteça domingo, a torcida agradece a você a melhor campanha em Série A que já fizemos. Nunca chegamos, na era dos pontos corridos, a ter a possibilidade de fazer contas na última rodada para nossa permanência e muito menos dependermos apenas de nós mesmos. Somos emotivos, mas quando o julgamento da história acontece, somos justos e fieis a quem nos deu seu sangue.

A sua história de vida eu sei. Você já teve seu futebol questionado e já tentaram convencê-lo que o futebol não era pra você. Você teve lesões que colocaram em dúvida sua carreira e suas próprias escolhas. O Clube em que você está espelha esta história.

Desde que os meninos se reuniam em uma gameleira na Alvares Cabral com Espírito Santo em 1912, o América foi muitas vezes questionado em sua existência. Afinal, como pode esse clube existir em uma cidade que já contém outros dois clubes de maior torcida. Um disse que iria nos fechar, outro que iria nos absorver. Como você, persistimos em nosso sonho. Sofremos lesões muitas, incontáveis e contínuas. Fomos caçados pelos adversários incansavelmente. A primeira irrigação do CT onde vocês hoje treinam foi irrigada pelas lágrimas de um ex-presidente, que anos antes vendeu nosso único patrimônio, a antiga Alameda, para que continuássemos existindo.

Se domingo formos rebaixados, a vida continua. Como fênix, vamos nos reerguer pois é nossa história. Talvez você tenha estado naquela festa bonita ano passado contra o CRB.

Mas se permanecermos na Série A, meu companheiro…

Se permanecermos, estaremos fazendo história e você fará parte disso. Quando ganhamos a Série C em 2009, lembro do Euller gritar a plenos pulmões que “temos nosso lugar na história!”.  Verdade incontestável. Euller e seus companheiros fazem parte da história de um time que foi fundado por um negro quando um negro não podia nem jogar nos outros clubes da capital. Um time que lutou contra injustiças e foi excluído por três anos das competições nacionais apenas por buscar seus direitos. Fomos rebaixados ficando em 16º em um campeonato de 32 times. É uma história bonita demais e que tem um pedaço guardado pra você.

No jogo de domingo, estamos com você em campo. Acredito no seu futebol e na sua vontade. Contra nós, tudo dentro e fora do campo. Antes de entrar, faça uma oração se for de sua vontade e não se incomode com a torcida adversária. Não importa quantos sejam, nós estaremos lá com você. Nossa força será a sua. Dentro de cada camisa americana, um amor maior do que você imagina.

Somos uma torcida forjada a ferro e fogo. Se hoje somos poucos, é porque poucos resistiram a jogar o Módulo 2 do Mineiro, Série C e congêneres. Portanto, a torcida que você vê na arquibancada é o produto onde apenas os americanos mais apaixonados resistiram. Não temos vaidade e nem torcemos contra o vento. Nossa vaidade é saber que estivemos com o time sempre que ele precisou. Nenhum vento nos assusta. Somos moinhos, que usam da tempestade para cumprir seu destino.

Leve no escudo de sua camisa nosso apoio, nosso respeito e nossa união. Estaremos em fé com você naqueles 90 minutos que separam o Céu do Inferno.

Um grande abraço do seu companheiro em armas, o Americano!
Jairo Viana
twitter.com/jairovianajr

O grande americano Thiago Reis (Seu Nome, Seu Bairro) recebeu o texto o interpretou. Ouçam:

Download MP3 – Clique com o botão direito do mouse e escolha Salvar como / Save As

iPhone |  Android | Google Podcasts | SpotifyRSS  | TuneIn

Continuar lendo

De Letra – nº 1165

OLÁ, caros leitores semanais! Jogando relativamente bem em um só tempo de jogo (geralmente no segundo tempo), o meu glorioso e querido América corre o sério risco de ser rebaixado e ficar de fora da festa maior do futebol brasileiro na temporada do ano que vem. Confesso que não entendi muito bem a afirmativa do treinador Adilson Batista, no sentido de que o Coelho não vai ser rebaixado, como se o velho ludopédio fosse uma ciência exata. Ora, futebol é um negócio totalmente imprevisível, de resultados absurdos. É um esporte diferente de todos os demais. É como bumbum de criança e barriga de mulher. Não dá para adivinhar nada…

FALTANDO apenas oito rodadas para o término do Brasileirão, nosso treinador precisa prestar muita atenção no que está fazendo, escalando seus “protegidos” e substituindo pior ainda. Alguém entendeu as substituições que ele fez anteontem contra o Grêmio? De repente, com a vitória nas mãos (ou nos pés, sei lá), o “Professor Pardal” resolveu operar duas substituições que apenas ele entendeu. Leandro Donizete faça-me o favor! No “banco” ele é bem menos danoso ao Mecão. Ele só faltou tirar um dos melhores da equipe, o volante talentoso Zé Ricardo, o garoto bom de bola de Bom Jesus do Amparo/MG, terra de meus amigos Tatá Nogueira (conceituado advogado trabalhista) e Régio Teixeira Bicalho (empresário de veículos). Ainda está em tempo. Basta escalar corretamente e mandar o time “agredir” os adversários…

ATÉ a próxima.

Miguel Santiago
Blog Miguel de Letra: http://migueldeletra.blogspot.com.br
Miguel Santiago publica originalmente em seu blog, Miguel de Letra, e carinhosamente cede sua lavra para ser republicada no Decadentes.

Continuar lendo