Ao assumir o comando do América depois da rápida e desastrosa passagem do Drubscky pela função, Adilson Batista disse que o uma das coisas que o motivou a aceitar o convite era o fato de que o nosso elenco contava com jogadores de qualidade e que a bola não queimaria no pé deles. Seguindo esta lógica, ele disse que para encarar a luta pelo rebaixamento e a situação difícil em que encontrara o time escalaria jogadores cascudos, reafirmando que eram os que a bola não queimaria no pé.
Colocando o discurso em pratica, Adilson mudou drasticamente o jeito da equipe jogar, os cuidados defensivos agora são ainda maiores que nos tempos do Posto, o time abdica de propor jogo mas tem pecado ainda em ser reativo, um exemplo disto pode ser visto nos últimos 8 jogos a equipe finalizou em gol num total de 10 vezes, com 6 delas resultando em gol.
Não há problema em se buscar o futebol reativo, esta proposta de jogo até se encaixa muito bem diante das limitações financeiras que temos para investir em elenco. O problema é que falta ao time a transição rápida para agredir o adversário e finalizar mais, pois não será sempre que vamos conseguir converter 60% das finalizações em gol, e esta falta de velocidade na transição nos traz um outro ponto do discurso do nosso comandante.
Aparentemente almejando o time em que a bola não queimaria no pé, Pardal Batista tem optado por volantes mais experientes (os sub-óbito do nosso elenco), e os dois volantes da base que vinham se destacando no time principal perderam espaço, e recentemente foram liberados para jogar pelo time de aspirantes. Isto poderia fazer sentido se realmente eles ainda estivessem verdes, se de fato a bola queimasse no pé deles, entretanto isto não procede.
O ápice desta proposta se deu no jogo contra o botafogo, poucos dias depois de liberar Christian e Zé para os aspirantes e jogando sem o Magrão, Adilson optou por escalar o time com 4 volantes: David (36 anos), Donizete (36 anos), Wesley (31 anos) e Juninho (30 anos), sendo que o Juninho começou como um ponta direita e Wesley mais avançado como um armador.
Moral do jogo, o time foi muito lento no jogo, não tinha transição rápida da defesa para o ataque e nossa melhor chance criada de gol foi uma bola enfiada para o Juninho, que, por não ter um cacoete ofensivo, não conseguiu aproveitar a chance para finalizar ou tentar sofrer um pênalti.
Isto abriu bastante discussão no último programa do decadentes, será que os vovô-lantes são mesmo melhores que os oriundos da nossa base? Bem, em minha analise subjetiva de desempenho e na objetiva de dados estatísticos, não.
Como sei que a análise subjetiva cabe muita discussão, até porque os parâmetros de gostos podem ser muito pessoais e contaminados por outros fatores para além do futebol jogado de fato, ater-me-ei a explanação dos números.
O que dizem os números?
Juninho (30 anos): 22 jogos, 55 desarmes totais, sendo 48 destes certos. Média de 2.4 desarmes por jogo. Conseguiu também fazer 7 interceptações, com uma média de 0.3 por jogo. Comete um número de 1.4 faltas por jogo, índice de 86.5% de passes certos e de 47.7% de lançamentos certos. Possui uma média de 0.4 passes para finalização por jogo, tendo finalizado ele mesmo 10 vezes, apresentando uma media 0.5 por jogo e tendo marcado 2 gols.
Christian (22 anos): 8 jogos, 16 desarmes totais, sendo 15 destes certos. Média de 2.0 desarmes por jogo. Conseguiu também fazer 6 interceptações, com uma média de 0.8 por jogo. Comete um número de 0.4 faltas por jogo, índice de 91.8% de passes certos e de 50% de lançamentos certos. Possui uma média de 0.6 passes para finalização por jogo, tendo finalizado ele mesmo 10 vezes, apresentando uma média 1.3 por jogo e tendo marcado 1 gol.
Magrão (33 anos): 15 jogos, 22 desarmes totais, sendo 20 destes certos. Média de 1.5 desarmes por jogo. Conseguiu também fazer 3 interceptações, com uma média de 0.2 por jogo. Comete um número de 1.3 faltas por jogo, índice de 88.1% de passes certos e de 60% de lançamentos certos. Possui uma média de 0.9 passes para finalização por jogo, tendo finalizado ele mesmo 13 vezes, apresentando uma média 0.9 por jogo e tendo marcando 2 gols.
Donizete (36 anos): 19 jogos, 24 desarmes totais, sendo 20 destes certos. Média de 1.3 desarmes por jogo. Conseguiu também fazer 8 interceptações, com uma média de 0.4 por jogo. Comete um número de 1.5 faltas por jogo, índice de 91.8% de passes certos e de 48.3% de lançamentos certos. Possui uma média de 0.3 passes para finalização por jogo, tendo finalizado ele mesmo 6 vezes, apresentando uma média 0.3 por jogo sem ter marcado nenhum gol.
David (36 anos): 6 jogos, 6 desarmes totais, sendo 6 destes certos. Média de 1 desarme por jogo. Conseguiu também fazer 4 interceptações, com uma média de 0.7 por jogo. Comete um número de 1.2 faltas por jogo, índice de 92.3% de passes certos e de 60% de lançamentos certos. Possui uma média de 0.2 passes para finalização por jogo, tendo finalizado ele mesmo 2 vezes, apresentando uma média 0.3 por jogo sem ter marcado nenhum gol.
Wesley (31 anos): 16 jogos, 10 desarmes totais, sendo 8 destes certos. Média de 0.6 desarmes por jogo. Conseguiu também fazer 1 interceptação, com uma média de 0.1 por jogo. Comete um número de 1.1 faltas por jogo, índice de 92.8% de passes certos e de 46.7% de lançamentos certos. Possui uma média de 0.4 passes para finalização por jogo, tendo finalizado ele mesmo 4 vezes, apresentando uma média 0.4 por jogo sem ter marcado nenhum gol.
Zé Ricardo (22 anos): 115 minutos jogados espalhados por 6 jogos, tendo feito 3 desarmes, todos eles certos e também tem 1 interceptação, média de 0.5 faltas por jogo, índice de 90.4% de acerto de passes e de 40% de lançamentos certos. Finalizou 3 vezes nestes 115 minutos, sem ter marcado nenhum gol.
Os meninos são alvi-verdes, mas não estão verdes
Os números do Christian impressionam, ele só fica atrás do Juninho em termos de desarmes por jogo, e só fica atrás do Donizete em termos de interceptação por jogo, somando as duas estatísticas não seria leviano especular que ele é o melhor recuperador de bolas do nosso elenco. Entretanto sua contribuição ofensiva é ainda mais impressionante, sendo o que mais finaliza em média e o segundo que dá mais passes para finalização, tendo já marcado um gol (e que golaço). No entanto, dos volantes que temos parece ser a última opção para o Adilson, não figurando nem no banco de reservas na maioria dos jogos.
Os números do Zé Ricardo ficam um pouco mascarados pela falta de minutos jogados, mas chama a atenção também a participação ofensiva dele nestes minutos, sendo que a maioria deles jogados no final de partidas, entrando mais para ajudar a segurar o placar. Vale lembrar que o Zé foi adaptado a posição de primeiro volante pelo posto, na base ele sempre saiu muito mais pro jogo, tendo sido inclusive utilizado na linha de 3 meias do 4-2-3-1 em algumas situações.
Cabe ressaltar que de fato Wesley e David deram uma melhorada em relação ao desempenho inicial de ambos, entretanto ainda sim, contribuem pouco defensivamente para o time, e a contribuição ofensiva que lhes seria o ponto mais forte deixa a desejar em relação a outras opções.
Treinadores de futebol são famosos por ser muito agarrados a suas convicções, mas espero que o Adilson Batista abra os olhos e de mais chances ao Christian e ao Zé Ricardo, a entrada dos dois não representariam apenas a rejuvenescida de nossa volância, trará ganhos de performance para além de acelerar bastante a transição. A chave para que o futebol defensivista atual se torne o tão aclamado futebol reativo pode passar por estes dois, pois teríamos tanto a pegada que nos faltou no último jogo, como velocidade na transição e um melhor poder de finalização. Continuar lendo